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A Psico na Cultura: Filme "Sound of Metal" (O som do silêncio) * Contém Spoiler

Olá, tudo bem por aí?


Hoje queria falar um pouco sobre a Psicologia contida no filme “Sound of Metal”.


A primeira coisa a ser dita é que esse texto contém spoiler, simplesmente não consegui escrever sem isso, então caso não tenha visto o filme ainda, por favor assista e depois volte aqui, caso não ligue para spoilers vamos lá.


Bem, preciso dizer algo, fui “enganado” pelo título do filme, imaginei tratar-se de história sobre Heavy Metal, realmente não é o caso, nada ali fala sobre o assunto, porém a película é sim muito interessante, inclusive para os Headbangers.


O filme conta a história de Ruben, um baterista de uma banda de Rock Alternativo que subitamente perde sua audição, muito provavelmente devido a exposição sonora nos shows e anterior dependência química.


A obra disseca sobre seu drama e a busca por tratamento em uma espécie de colônia para surdos, onde aprende-se a linguagem de sinais e a interação com pessoas portadoras do mesmo distúrbio. Também é mencionado na película a busca de Ruben por uma cirurgia reparadora e seu relacionamento com sua namorada e companheira de banda.


E o quê o filme tem a ver com a Psicologia?


Muitas coisas…(Contém muitos spoilers!!!!)


Vamos ao principio, quanto você estaria disposto ou disposta a abandonar seu conforto e sua vida pacífica para viver um sonho? Vagar por estradas dentro de uma van em busca de shows em pequenos clubes para meia dúzia de gatos pingados pode ser um sonho ou pesadelo para muitos, porém essa é a realidade da música independente no mundo, especialmente o Rock e seus subgêneros.


A internet facilitou o contato entre banda e público, vemos porém esse público cada dia mais preguiçoso em sair de casa para assistir shows de artistas underground, e digo isso pensando no pré pandemia.


O problema é que onde não há público, não existe artista.


Não é esse o tema principal da obra, porém como apreciador de boa música, achei pertinente tocar nesse ponto, artistas de talento tocam em bares vazios, e pessoas sem a menor competência musical recebem todas as luzes da Ribalta.


Vamos ao tema central do filme, a surdez.


Aqui a obra me pegou em cheio, não esconde de ninguém, meu maior medo na vida é perder a audição, e notar a agonia de Ruben tremendamente desconfortável para mim em vários sentidos, confesso quase não ter conseguido seguir com o filme.


Em um primeiro momento da perda vemos a negação, o baterista tenta esconder o problema de sua amada, é evidente que isso dura muito pouco.


Então surge a raiva, Ruben se revolta, discute com sua vocalista, insiste ser capaz de tocar mesmo com seu estado de saúde impeditivo naquele instante.


A aceitação do estado surge somente na colônia de recuperação, é lá que Ruben aprende a viver novamente, se integra totalmente em determinado momento, tomando para si até mesmo um protagonismo ao ensinar crianças com a mesma deficiência a tocar percussão.


Essa resiliência e adaptabilidade às perdas é sempre algo muito complexo no tratamento psicológico.


Você consegue pensar nos seus maiores medos? O que faria caso ficasse diante de seus fantasmas? Nisso o filme é grandioso.


Por fim temos um ponto muito interessante a ser abordado, mesmo após estar totalmente adaptado a sua nova vida Ruben busca pelo tratamento cirúrgico, e aquilo que seria a salvação acaba tornando uma decepção.


Infelizmente na vida algumas coisas são imutáveis, algumas situações não regridem e precisamos reforçar a adaptabilidade.


Um procedimento estético ou cirúrgico que se apresenta como a salvação da lavoura pode ser um complicador de sua vida.


Não é incomum encontrarmos entre os pacientes pessoas muito arrependidas por determinados procedimentos realizados, sejam por vaidade, estética ou mesmo cirurgias um tanto necessárias.


Aquela tatuagem, a pigmentação, a correção de alguma imperfeição visível somente aos seus olhos pode te custar caro, e não falo somente das questões financeiras.


Antes de qualquer alteração nesse sentido, pense, repense, o ideal seria conversar com várias pessoas que tenham realizado tal procedimento ou tratamento, principalmente em tempos de redes sociais com seus filtros de perfeição tudo para lindo e maravilhoso.


A natureza pode ser terrível muitas vezes, porém temos o poder de adaptação mesmo nas piores situações, o que não pode ser feito e precipitar-se sem o estudo longo e profundo daquilo que pretendemos fazer, e nisso meus amigos, a Terapia ajuda demais.


Está passando por alguma dificuldade ou por uma perda? Pensa em realizar algum procedimento de alteração corporal? Procure a terapia!!


Uma boa semana para você!!


Escrito por Luciano Arruda, psicólogo e fundador do Fluidez Mental, seu contato é: luciano@fluidezmental.com.br.




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