Tal qual a sexualidade humana, a psicologia sexual é rodeada por uma gigantesca diversidade, e também cercada por tabus diversos.
Embora desde os primórdios da humanidade, pesquisadores e entusiastas buscam compreender a sexualidade humana, a psicologia sexual é uma vertente de pensamento relativamente nova, assim como a psicologia como ciência em si.
Dentre as principais vertentes dessa ciência podemos destacar os estudos fisiológicos da sexualidade e sua relação de hormônios e neurotransmissores com os comportamentos sexuais diversos, as questões ligadas à libido ou sua falta, e o estudo das causas orgânicas das disfunções sexuais.
Para além das questões mais fisiológicas e orgânicas a Psicologia Sexual surge com intuito de estudar comportamentos humanos, pois falar de sexualidade é falar sobre comportamento, nesse contexto são “emprestados” estudos relacionados não só a Psicologia clássica, mas também a sociologia, antropologia e demais estudos sociais e humanidades.
Estudar a sexualidade humana em sua plenitude é abordar temas como a masculinidade e feminilidade, a diversa orientação de gêneros na atualidade com todas as suas nuances e individualidades, é buscar na complexidade e diversidade do indivíduo as explicações e melhorias para uma saúde sexual sem tabus a aliada as visões únicas de cada indivíduo.
A sexualidade é ampla, assim como é o ser humano, com a exclusão das violências e violações individuais, o estudo da sexualidade é abrangente, individualizado e distante de preconceitos e da dualidade entre o “certo e o errado”,onde há o desejo e não exista a violação e violência do sujeito, está o estudo da Psicologia sexual.
A Psicologia sexual como ciência também se distancia do conceito raso de curativa, entendendo a amplitude e diversidade de comportamentos humanos, não há o espaço para a crença dualista de certo ou errado na sexualidade, o sexo é prazer e o prazer é um conceito individual e único.
Como grandes desafios dos estudos da sexualidade como ciência, estão a aceitação dos indivíduos em tratar abertamente sobre o tema, a confiança, e a quebra de tabus diversos, repetidos e propagados por diversos agentes sociais.
Dentre tabus diversos encontramos temas como; mitos sobre a sexualidade e o ato sexual em si, a masturbação, as fantasias e desejos, a falta de diálogo entre parceiros e familiares, a propagação de práticas preconceituosas e anti liberais, e temáticas de práticas sexuais tais como a felação e o sexo anal.
Ao falarmos sobre práticas sexuais e fantasias temos como auxílio importante a História, a Antropologia e a Sociologia, pois entender tais fatos é fazer um estudo aprofundado sobre aspectos sociais e históricos tanto do indivíduo quanto da sociedade em que ele está inserido, a visão da sexualidade é diversa, quando se “abre o leque” da amplitude humana com fatos como classe social, religião, idade, profissão e história individual.
E como é feito o trabalho do psicólogo sexual?
Primordialmente o tratamento deve ser respeitoso, não há lugar para crenças pessoais no entendimento do sujeito em relação a sua sexualidade, e de preferência individualizado, com o intuito de melhorar a auto percepção em relação a sua própria sexualidade e a visão individual do prazer sem culpas ou tabus, sempre respeitando a diversidade humana e principalmente o respeito ao próximo, a liberdade do indivíduo termina quando a liberdade alheia é desrespeitada.
O profissional também pode realizar o trabalho voltado ao casal, com atendimento conjunto com o intuito do entendimento mútuo e a busca de uma vida sexual plena e saudável para ambos, nesse ponto sua principal função é de facilitador do diálogo e das descobertas de sintonia entre os amantes.
Importante também é a atuação do profissional perante a sociedade em geral, nesse caso como orientador e agente de desconstrução de crenças disfuncionais e tabus limitantes relacionados à sexualidade. Podendo atuar, por exemplo, em escolas, universidades, centros comunitários, empresas, meios de comunicação e grupos de trabalhadores e trabalhadoras do mercado sexual.
O exercício da sexualidade em sua plenitude é agente de melhorias na vida individual, saúde orgânica e autoestima, o sexo faz parte das necessidades básicas dos seres humanos e deve ser tratado como prioridade na busca de melhoras na saúde mental. A visão distorcida sobre a sexualidade gera diversos tipos de patologias, sejam elas físicas ou mentais, além de ser um alimentador de tabus e violências diversas, principalmente em relação às minorias.
Falar sobre sexualidade deve ser um ato natural, assim como tratar de assuntos diversos que trazem benefícios individuais à saúde física e mental; como boa alimentação, sono, prática de esportes e atividades físicas, hobbies ou economia e finanças.
A prática sexual, e por consequência seu amplo e irrestrito estudo, é tão importante, que cabe mais uma vez a lembrança de um fato; só existimos por conta de uma prática sexual, sem a sexualidade não existe a humanidade.
Por todo esse contexto, e entendendo a importância da sexualidade na vida cotidiana individual e na sociedade em geral, a Psicologia sexual se torna uma das mais importantes vertentes tanto de ciência conhecida como Psicologia, como no entendimento do ser humano, suas relações coletivas em todas as instâncias e a sua busca por uma saúde plena e o bem-estar individual e coletivo.
Assim como a amplitude dos comportamentos e da sexualidade humana, a Psicologia sexual como ciência e fonte de conhecimento, carrega uma urgência de expansão e popularização, com intuito de desmistificar e trazer qualidade de vida para todos nós.
Sexo é vida e deve ser uma prática prazerosa sem preconceitos ou tabus, sendo uma fonte de estudos e busca por conhecimento.
Escrito por Luciano Arruda, psicólogo e fundador do Fluidez Mental, seu contato é: luciano@fluidezmental.com.br
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