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Meus números na Psicologia

Foto do escritor: Luciano ArrudaLuciano Arruda

Olá, tudo bem com você?


Estou fazendo cinco anos de profissão na Psicologia e gostaria de compartilhar nesse post alguns dos meus números para que você veja como é a vida de um profissional da área.


Primeiro quero deixar bem claro que não vou expor ninguém nesse texto, e que esses são meus números, cada profissional trabalha de uma maneira diferente.


Eu trabalho com a Psicologia clínica em dois universos; primeiro presto serviços a uma clínica onde atendo pacientes encaminhados de convênios médicos, nessa clínica atendo a grande maioria das pessoas, pois a cada dia são mais de 10 atendimentos (isso vai explicar a grande quantidade de pessoas atendidas), em segundo lugar realizo atendimentos particulares em consultório, domicílio, empresas ou online, esses apesar de serem minha principal fonte de renda são bem menos numerosos. Quero deixar bem claro que nos atendimentos nunca diferencio os pacientes de convênio ou particulares, todos receberão o melhor atendimento que posso oferecer, a única mudança está no tempo de duração da sessão, por convênio os atendimentos duram meia hora nos particulares o dobro disso.


Não falarei sobre ganhos financeiros nesse post para não causar nenhum tipo de polêmica desnecessária, talvez algum dia eu escreva sobre esse ponto no futuro, mas neste momento prefiro não expor isso.


O intuito desse post é simplesmente para matar a curiosidade de alguns leitores aqui do Fluidez Mental e também guiar os estudantes da área, além do mais esse pequeno texto também serve para quebrar alguns tabus sobre a profissão, logicamente dentro dos meus atendimentos.


No início de minha carreira até meados deste ano de 2020 eu atendia crianças a partir de cinco anos, e não tinha limite máximo de idade, desde julho atendo somente crianças acima de doze anos e continuo sem limite máximo de idade.


Gostaria de esclarecer que as estatísticas desse post são aproximadas, eu não tenho muita capacidade ( e nem saco hehe) para contas matemáticas então arredondei os números, até porque ficaria bem chato para o leitor um texto que apresentasse frases como essa: 57,15% dos atendimentos foram de pessoas com depressão. Creio que o arredondamento torna minha escrita e sua leitura muito mais fácil.


Sem mais explicações vamos ao primeiro dos números; nesses cinco anos de profissão eu atendi mesmo que por uma vez somente 391 pacientes, sendo que 205 eram do sexo/gênero masculino e 186 do feminino, uma observação; encaixei as pessoas trans no gênero em que ela se identifica nunca no sexo biológico. Atendi também 4 casais, já totalizados no número total.


Desses 391 pacientes 76 eram crianças (abaixo dos 13 anos) e aqui está a maior discrepância entre os gêneros 61 eram meninos e somente 15 meninas, aqui me parece que mães e pais entendem que um terapeuta homem é capaz de lidar melhor com meninos. Pois vejo colegas mulheres atenderem uma quantidade maior de meninas.


Já que falamos sobre crianças no parágrafo acima as queixas mais comuns desse público são na ordem: Dificuldades em lidar com a separação dos pais, comportamento agressivo, mau desempenho escolar, timidez ou retração excessiva e dificuldades em lidar com alguma doença biológica ou limitação física, felizmente somente uma vez atendi uma queixa de maus tratos ou suspeita de abuso, não que esse problema não exista, no entanto, ele acabou não sendo muito comum em meu consultório até esse momento.


Cerca de 90% das crianças atendidas por mim vêm de pais separados, muitos deles em litígio, o que dificulta demais a solução dos casos, em sua grande maioria também, é a mãe quem procura atendimento para a/o menor.


Vamos agora ao universo adulto, maioria entre meus pacientes e com uma diversidade maior de diagnósticos, falando nelas vamos as mais comuns, novamente aqui cito as queixas mais corriqueiras primeiro: Ansiedade/estresse (responde por cerca de 70% das queixas), depressão, problemas no relacionamento amoroso ou familiar, dificuldades no trabalho, fobias diversas, síndrome do pânico, vícios e abusos de substâncias, dificuldades em lidar com alguma doença física, dificuldades sexuais, transtorno obsessivo compulsivo e transtorno de estresse pós traumático.


Em quantidade bem menor atendi também casos de: esquizofrenia, distúrbios de alimentação, tentativa e ideação suicida, transtorno borderline, cleptomania, transtorno de acumulação, dificuldades em fazer escolhas... não significa que esses problemas não existam, porém foram muito mais raros em minha experiência.


É comum que os pacientes apresentem múltiplas queixas, ou mesmo não tenham algo específico a ser tratado. Em alguns casos os pacientes iniciam o tratamento relatando uma questão específica e no decorrer do tempo outros problemas se façam presentes com ligação ou não com a queixa inicial.


Vamos então aos números do adultos, meu grupo prioritário de atendimento, considero aqui pessoas maiores de 17 anos, atendi 313 adultos sendo que 171 eram mulheres e 142 homens, ou seja aproximadamente 55% mulheres e 45% homens, curiosamente cai um mito que diz que os homens não buscam terapia, felizmente esse preconceito por parte de meus colegas de gênero tem caído bastante nos últimos tempos, é no entanto, provável que esse fato se deva por eu ser homem, ainda existe bastante receio do sexo masculino em procurar profissionais mulheres.


Vou começar falando um pouco sobre os casais, foram 4 atendidos somente, e o problema principal foram dificuldades na relação, como era meio esperado, o que talvez surpreenda muitos os leitores é que a procura em 3 dos casos partiu do lado masculino da relação, no outro caso houve um consentimento de ambas as partes. Sinceramente você esperava por essa? Então nada de preconceitos com nossa profissão, ela te surpreende a todo instante.


Vamos falar um pouquinho sobre os homens que procuram a terapia, não se preocupe meus amigos, não vou expor ninguém aqui. Existe um fato curioso é costumeiro que os casos masculinos apresentem uma gravidade maior em relação às mulheres, imagino que o fator predominante para isso seja que demoramos um pouco mais para buscar ajuda, isso muda um pouco entre o público mais jovem, mesmo assim continua sendo uma regra, para cada cinco casos muito graves que tenho, pelo menos três são masculinos.


E quais são os casos mais comuns entre os homens: Vamos lá, o campeão absoluto é a ansiedade e o estresse, em seguida nessa ordem mesmo vêm; os problemas no relacionamento, dificuldades no trabalho, baixa autoestima, depressão, transtorno de pânico, dificuldade de recolocação profissional, problemas familiares e dificuldades sexuais. Em casos mais raros existem questões como o T.O.C. o transtorno de estresse pós traumático, a esquizofrenia, o comportamento aditivo, o luto, e as dificuldades em lidar com alguma doença.


E quanto as mulheres? Bem vamos lá… Elas procuram a terapia ao primeiro sinal de dificuldade, o que é correto, por conta disso trazem casos com um grau de complexidade menor no geral e tem uma alta mais rápida também. Confesso que antes de iniciar meus atendimentos carregava um certo preconceito, pensava que as mulheres jamais falariam questões muito particulares tais como dificuldades sexuais, ledo engano de minha parte, elas são muito mais colaborativas quanto a isso, dificilmente uma mulher oculta algo no consultório, muitas vezes entre os homens preciso insistir bastante para tocar em certos assuntos.


E o que as leva a buscar terapia? Bem da mesma forma que o homens a queixa campeã das mulheres é a ansiedade e o estresse, no entanto as coincidências terminam aqui, na sequência as demais queixas comuns das mulheres são: Dificuldades no relacionamento familiar especialmente com a mães, esse é inclusive um problema quase tão corriqueiro quanto o estresse e a ansiedade, em seguida casos muitos comuns tem a ver com; depressão, dificuldades em lidar com alguma doença, problemas no trabalho, luto, transtorno bipolar e borderline e problemas alimentares e de aceitação do corpo. Menos comuns porém presentes são as dificuldades no casamento/relacionamento, T.O.C., dificuldades sexuais e problemas com a maternidade.


Gostaria de falar um pouco também sobre as profissões atendidas por mim, é evidente que as crianças não tem profissão, e a maioria dos adolescentes e jovens adultos são estudantes, dito isso segue as ocupações principais: professores, é muito curioso,mas eles são os campeões de atendimento, sejam do ensino básico, médio, universitário ou mesmo de cursos livres, e a queixa campeoníssima entre eles é, adivinhe: Sim a ansiedade e o estresse. Na sequência vêm os bancários, os trabalhadores autônomos em especial motoristas de aplicativo, funcionários de escritório como auxiliares, assistentes e demais funções, vendedores e pequenos empresários, essas são as funções mais comuns que buscam o atendimento.


Atendi alguns e algumas modelos, no entanto esse número pode ser um pouco distorcido pois eu mantive por um breve período uma parceria com uma pequena agência desses profissionais.


Outros profissionais que me recordo ter atendido são: advogados, enfermeiros, médicos, dentistas, nutricionistas, esteticistas, desportistas, músicos, coletor de sucatas, trabalhadores de cozinhas, padres, marceneiros, pedreiros, boleiras, instalador de móveis e linhas telefônicas, jornalistas, engenheiros, organizadores de festas e eventos, babás, guia turísticos, psicólogos (sim já atendi colegas), entre outros que agora me fogem ao pensamento.


Em minha carreira prestei atendimento a três pessoas publicamente expostas, isso significa pessoas famosas, seja do grande público ou de um nicho específico, por questões de sigilo não citarei nem a profissão deles, mas fica aqui descrito para matar um pouco a sua curiosidade.


E o que esse montão de números nos mostra?


Primeiro como é importante cuidar da saúde mental, fazendo isso você melhora todos os outros aspectos da sua vida, felizmente tenho notado que aquela imagem de “psicólogo é coisa de louco” tem mudado um pouco, pessoas de várias idades e níveis sociais diversos têm procurado os serviços de psicologia nos últimos tempos.


Uma segunda coisa que eu gostaria de pontuar é que os programas de prevenção tem falhado um pouco, todas as empresas deveriam contratar de tempos em tempos um profissional de saúde mental para avaliar os funcionários, sócios e familiares, isso é investimento, não gasto, pois havendo prevenção os afastamentos diminuem e a produtividade aumenta, gerando lucros maiores e consequentemente maiores possibilidades de aumentos salariais, pensem nisso.


Outro ponto importante seria que os órgãos e conselhos de saúde se atentassem mais aos grandes problemas que tem atingido a população brasileira de todas as idades, o estresse e a ansiedade.


Esse é o último post de 2020, gostaria de agradecer muito a vocês leitores e desejar que vocês tenham um 2021 maravilhoso com muitas realizações e principalmente com saúde física e mental, muito obrigado pelo apoio e haverá novidades no ano novo.


Para o primeiro post de 2021 eu queria uma ajudinha de vocês, vou responder algumas perguntas que me fazem sobre a profissão, se você tiver uma dúvida deixa nos comentários ou me envie um email luciano@fluidezmental.com.br . Só não posso responder perguntas sobre a parte financeira da profissão por uma norma do CRP ou perguntas que exponham alguém e sobre política, de resto está tudo liberado… As melhores responderei no próximo texto.


E se você for colega de profissão e quiser falar um pouco sobre sua carreira, me mande um texto com seus números que publicarei aqui com prazer.


Escrito por Luciano Arruda, Psicólogo e fundador do Fluidez Mental, é apaixonado e adora falar sobre sua profissão, seu contato é luciano@fluidezmental.com.br











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