Olá, tudo bem? Também resolvi responder as perguntas feitas pelos leitores do site, segue minha contribuição:
Vale a pena cursar Psicologia?
Complexo responder a essa pergunta, para mim valeu e vale sempre...a psicologia me deu outra visão de mundo e me instiga a sempre querer saber mais, agora onde eu posso chegar com ela? Onde eu quiser com esforço e dedicação.
Qual a maior dificuldade da profissão na sua visão?
Acredito que seja uma área com diversas possibilidades de atuação, mas como toda profissão, o início de carreira é um grande desafio. Um dos maiores desafios, apesar de estar mudando, é como o mundo encara a psicologia e como os próprios psicólogos atuam na psicologia, que pode contribuir para criar mais barreiras, afastando as pessoas de se beneficiarem de sua utilização.
Quais são os pacientes mais difíceis de atender?
Na minha visão, são os que não conseguem de início saber exatamente qual é o seu propósito de estar ali e alegam querer trabalhar o autoconhecimento.
Já recebeu alguma cantada ou foi assediado nos atendimentos? Já se interessou por algum paciente?
Não de minha parte e se alguém se interessou por mim, de fato, nunca deu sinais expressivos para que eu fizesse essa leitura.
Já passou por alguma situação engraçada/constrangedora nos seus atendimentos?
Sim, já de rir muito com um paciente sobre uma situação que ele trouxe, mas estava dentro do contexto e isso favoreceu para fortalecer nosso vínculo e ele se sentir mais à vontade. Afinal, não somos uma máquina o tempo todo.
Já chorou atendendo alguém?
Já me emocionei de ouvir histórias de vida significativas com grande sofrimentos, mas não ao ponto de chorar, me descontrolar e não acolher meu paciente.
O que você acha do atendimento online? Ele funciona?
Funciona sim, porém, às vezes acontecem alguns contratempos de conexão. Mas até agora, não tive nenhuma experiência que impediu completamente de trabalhar um assunto com os meus pacientes.
Como é a sua relação com outros profissionais da saúde?
Procuro interagir com profissionais psiquiatras e meus pares psicólogos. Como todo ser humano, há aqueles que estão dispostos a trocar conhecimento, contribuir para a melhoria do paciente e outros que estão totalmente fechados. Procuro trabalhar com as oportunidades. Já troquei informações com nutricionistas, fonoaudiólogos, psiquiatras e até coordenadores de escolas e foi uma troca muito gratificante.
Como é se que lida com as histórias depois do consultório. Vc fica pensando nos casos em casa, em momentos fora do trabalho?
Sim, eu penso e estudo meus casos, preparo recursos e materiais para levar para as próximas sessões e quando tenho hipóteses e insights eu costumo anotar no meu bloco de notas do celular, geralmente salva minha vida rs.
Qual o limite ou a técnica entre não ser frio (algo que acho que não combina com a profissão) e absorver e se abater pelas histórias?
Acredito que a psicologia tem como foco as interações sociais, então sou ativa em meus atendimentos e muitas vezes utilizo essa interação a favor do meu paciente admitindo e validando meus sentimentos que na interação com ele evocam em mim para que ele se perceba em sua interação com o mundo e nesse caso admito e valido o que sinto e penso nessa interação com ele, mas claro que sempre buscando a ética profissional, neutralidade e assertividade, pois o foco é o meu cliente.
O que você sentiu falta na faculdade que precisou aprender no dia a dia da profissão?
Ser empreendedora, entender que existem informações relevantes que auxiliam no processo de divulgação do meu trabalho.
O que mais te irrita nos colegas de profissão?
Acredito que discutir sobre abordagens diferentes e trata-las como se uma fosse melhor que a outra. Também, achar que compartilhar conhecimento irá lhes trazer certa desvantagem, perder clientes ou conhecimento para o outro, esse tipo de limitação é muito ruim porque tem espaço para todos.
Já pensou em desistir da profissão?
Desistir de fato não, mas acredito que o desânimo vem para qualquer pessoa dependendo do momento que está vivendo, já pensei em mudar a tática, mas nunca desistir da psicologia.
Qual sua maior realização como Psicóloga?
Tenho em mim que essa profissão une tudo que eu preciso para me realizar como profissional, curiosidade, questionamento, aprendizado, crescimento pessoal e ainda por cima ajudar o outro.
No seu entendimento a Psicologia faz parte das ciências humanas ou da saúde?
Penso que é a soma das duas, afinal a psicologia estuda a interação do indivíduo com o meio e por outro lado entendo que nós como profissionais precisamos fazer mais trabalhos de promoção à saúde. Não basta entender e ficar com um olhar somente voltado para a psicopatologia.
O que você acha sobre medicação?
Acredito que a medicação, em alguns casos, pode ser primordial para a transformação no processo psicoterápico. Porém, ela por si só eu não recomendo, pois funciona como um amortizador das feridas emocionais que precisam ser trabalhadas e enfrentadas.
Se você fosse político, o que faria pela profissão?
Não só o psicólogo, mas os profissionais hoje vivem um grande desafio de ter que lidar com as exigências do mercado em termos de experiência e formação por uma baixa remuneração. De qualquer forma, acredito que precisaríamos de políticas públicas voltadas para as diversas áreas que o profissional psicólogo pode atuar como alguém que de fato fará a diferença, por exemplo, escolas, organizações etc. Hoje a realidade é que esses locais não disponibilizam espaço para esse profissional, ou quando tem, é 1 ou 2 para uma grande demanda e o retorno financeiro é vergonhoso.
Quais características você acha que um Psicólogo deve ter?
Empatia, busca constante de conhecimento, compromisso com o resultado e evolução do paciente.
Qual seu psicólogo favorito hoje em dia?
Difícil, em minha formação me deparei com professores maravilhosos que até hoje tenho admiração e eles me inspiram.
A pandemia fez a procura por atendimento aumentar? Você imagina que ela irá afetar para sempre as pessoas?
Sim, percebo que as pessoas estão mais abertas a buscar ajuda de um profissional e não consigo responder se mudará para sempre, isso é algo que não temos como afirmar. A realidade objetiva que estamos vivendo pode causar transformação nas pessoas, ou não...depende.
Muitas pessoas dizem que a depressão é o mal do século, você concorda?
Os dados da OMS são significativos e eles abordam dessa forma, mas em minha experiência clínica, acredito que a ansiedade é um mal que se não tratado, contribui para um quadro de depressão.
Escrito por Amanda Minello, Psicóloga seu contato é: psicologa_minello@hotmail.com
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